PET AfirmAção

PROGRAMA DE EDUCAÇÃO TUTORIAL - PET


Os primeiros anos deste século são marcados pela adoção, pelo Estado Brasileiro, de Políticas Afirmativas em educação. Atualmente há alguns programas, leis e projetos do governo federal que incorporam as especificidades étnico-raciais em suas propostas. Fora das Instituições governamentais, grupos e/ou movimentos organizados também têm implementado um trabalho que permite o acesso de jovens negros e carentes ao ensino superior. Contudo, de modo geral é grande a defasagem, entre alunos negros e não negros, acumulada ao longo da escola primária e secundária, e fortalecida pelas desigualdades sociais.

Embora valorosa, as estratégias de acesso não são suficientes, e são necessárias também, estratégias que assegurem a permanência bem-sucedida destes jovens negros no ensino superior. Este Projeto – AfirmAção- objetiva apoiar estudantes das comunidades negras rurais, contribuindo para o seu acesso e permanência qualificada no ensino superior, mediante seu envolvimento em ações formativas complementares ancoradas em práticas de diálogo e trocas com suas comunidades de origem. A metodologia a ser desenvolvida é a da prática social, a partir da qual são trazidos conteúdos para a investigação e produção do conhecimento na área da pesquisa, que, por sua vez, alimentará a prática social, num ciclo dinâmico de trocas culturais.

METODOLOGIA DO PROJETO

A metodologia se estrutura em 3 momentos Indissociáveis:


I- FormaAção Acadêmica e Sócio-Política – Em um dos seus estudos, Gomes (2004) chama a atenção para a necessidade de uma “crítica ao discurso hegemônico”, nesta perspectiva, a Universidade deve ser vista para além da aquisição do diploma de graduação. Deve-se vislumbrar neste espaço acadêmico, a formação intelectual em sua plenitude. Caminhando nesta linha, entendemos a necessidade de oferecer neste projeto, um espaço para a formação acadêmica e sócio política visando à atuação qualificada dos estudantes de origem popular participantes do PET/Conexões de Saberes como pesquisadores e extensionistas, do ponto de vista social e técnico-científico, em diferentes espaços sociais, nas comunidades populares e na universidade. Desse modo, o projeto disponibiliza uma carga horária de 200h/aula, específicas para a formação dos estudantes e distribuída da seguinte forma:

·        Oficina- Educação e Africanidades –
Ementa: A Educação das Relações Étnico-Raciais. História e Cultura Africana e Afro-brasileira. Racismo Estrutural no Brasil. Ideologia da Democracia Racial. Negritude e Escola. Cultura Negra e Educação Brasileira. Políticas públicas de combate ao racismo.
·        Oficina de Metodologia da Pesquisa –
Ementa: As diferentes formas de conhecimento. O conhecimento científico. Métodos. O processo de pesquisa. Metodologia de estudos. Trabalhos científicos.
·        Oficina de Trabalho em Comunidade –
Ementa: Procedimentos metodológicos do trabalho com comunidade. Movimentos sociais no Brasil: história, conceitos e tipologia. Os movimentos sociais na atualidade. Participação popular; poder local e conselhos populares.
·        Oficina de leitura e produção textual –
Ementa: Leitura ativa, analítica e critica de textos. Planejamento e produção de resumos, resenhas críticas e textos dissertativos-argumentativos.


Além das 200 horas/aula dedicadas à oficinas de formação, prevê-se a participação dos estudantes em encontros; seminários internos e externos, congresso e eventos. A etapa dedicada à formação busca possibilitar um “empoderamento” desses jovens negros, oriundos de comunidades rurais

II- Pesquisa sobre permanência no ensino superior-
As políticas de ações afirmativas, recentes em nosso país, têm trazido às Universidades Públicas um maior contingente de estudantes negros, notadamente em cursos de maior demanda social. Para além da inserção no ensino superior, necessário se faz analisar a permanência destes estudantes. Deste modo, a etapa de pesquisa deste projeto, tem como principal objetivo analisar como as Políticas Institucionais e as Estratégias Informais de Permanência têm sido elaboradas e/ou incorporadas pelo CFP/UFRB e qual o significado material e simbólico desta permanência para os estudantes negros. Trabalhamos aqui com os conceitos de permanência material e permanência simbólica, do seguinte modo: a permanência material é caracterizada pelas condições objetivas de existência do estudante na universidade (comer, vestir, comprar material, etc.) e a permanência simbólica diz respeito às possibilidades que os estudantes têm de vivenciar a universidade, identificar-se com o grupo dos demais estudantes, ser reconhecido por estes e, portanto, pertencer ao grupo (REIS; 2009). Para atender aos objetivos propostos será desenvolvida uma metodologia quali-quanti. A identificação e compreensão dos projetos e das práticas de permanência no ensino superior poderão fornecer subsídios a serem utilizados na formulação de políticas públicas que contribuam para uma permanência qualificada, por um lado e por outro, amplie as possibilidades de inserção de estudantes negros nos demais campos sociais, a fim de possibilitar-lhes oportunidades de mobilidade social.

III- Ação- Comunidade
Segundo o Plano Nacional de Extensão, esta se define como : “ processo educativo, cultural e científico que articula o Ensino e a Pesquisa de forma indissociável e viabiliza a relação transformadora entre Universidade e Sociedade. A Extensão é uma via de mão-dupla, com trânsito assegurado à comunidade acadêmica, que encontrará, na sociedade, a oportunidade de elaboração da práxis de um conhecimento acadêmico. No retorno à Universidade, docentes e discentes trarão um aprendizado que, submetido à reflexão teórica, será acrescido àquele conhecimento. Esse fluxo, que estabelece a troca de saberes sistematizados, acadêmico e popular, terá como conseqüências a produção do conhecimento resultante do confronto com a realidade brasileira e regional, a democratização do conhecimento acadêmico e a participação efetiva da comunidade na atuação da Universidade.” (Plano Nacional de Extensão; 2000

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